Gengivoplastia: o que é e quando fazer uma?

Gengivoplastia: o que é e quando fazer uma?

17/11/2022 - Por: Arthur Mancini

A gengivoplastia é uma técnica cirúrgica que vem sendo cada vez mais utilizada pelos cirurgiões-dentistas, principalmente nos tratamentos estéticos, com a finalidade de deixar o sorriso mais harmônico.

No entanto, muitos pacientes têm dúvidas sobre esse procedimento, como por exemplo, sobre as técnicas utilizadas para sua execução, sobre as indicações do procedimento e sobre a recuperação pós-cirúrgica e, pensando nisso, trouxemos, neste artigo, mais informações sobre esse assunto.

Gengivoplastia
Foto de Ibraim Leonardo no Pexels

O que é a gengivoplastia? 

A gengivoplastia é um procedimento cirúrgico odontológico que possui a finalidade de mudar o formato dos tecidos gengival e ósseo que envolvem os dentes.

Essa técnica possui a finalidade de melhorar a estética do sorriso ou de expor as superfícies dentárias subgengivais para a realização de procedimentos terapêuticos, como por exemplo: tratamento endodôntico, restauração, reabilitação protética, entre outros.

Quem pode fazer? 

Por ser um procedimento cirúrgico, é importante que antes de ser feita a gengivoplastia, o paciente esteja com uma saúde bucal controlada, livre de doenças bucais, pois a presença de microrganismos patogênicos é um fator que pode levar ao desenvolvimento de complicações pós-cirúrgicas, como as infecções.

Além disso, pacientes portadores de doenças sistêmicas que possam interferir na cicatrização dos tecidos, como por exemplo, pacientes diabéticos não controlados, não devem realizar a gengivoplastia.

Portanto, pacientes que possuem a necessidade de remoção do excesso do tecido gengival e do tecido ósseo, e apresentam boas condições de saúde bucal e geral, estão aptos a realizarem o procedimento.

Indicações:

As indicações da gengivoplastia são amplas e podem ser estéticas ou funcionais. As principais indicações são:

  • Alinhar e nivelar as gengivas para promover harmonia no sorriso;
  • Eliminar ou atenuar o sorriso gengival;
  • Modificar o formato dos tecidos;
  • Possibilitar a exposição das regiões subgengivais para a realização de tratamento endodôntico, restaurador ou protético;
  • Remover hiperplasias gengivais após tratamento com aparelho ortodôntico;
  • Facilitar a higienização dos dentes (remoção de placa bacteriana).

Qual a diferença entre gengivoplastia e gengivectomia? 

A principal diferença entre a gengivoplastia e a gengivectomia está na remoção ou não de tecido ósseo durante o procedimento.

Enquanto na gengivectomia o Cirurgião-Dentista remove apenas o excesso de tecido gengival, na gengivoplastia é necessária a remoção, além das gengivas, do osso que circunda as raízes dentárias.

Assim, na gengivectomia não há a necessidade de descolar e rebater o tecido gengival para ter acesso ao osso e, portanto, também não é necessário realizar suturas.

Como é feita a cirurgia da gengivoplastia? 

Apesar de ser um procedimento cirúrgico, a gengivoplastia é simples e é realizada no próprio consultório do Cirurgião-Dentista.

O profissional aplica injeções de anestésicos locais e, através de instrumentais específicos, realiza as medições e marcações das gengivas que serão removidas.

Com o auxílio de um bisturi, o dentista recorta as gengivas e, após esse processo, descola e rebate o tecido gengival a fim de ter livre acesso ao osso.

Em seguida, é feita a remoção milimétrica do tecido ósseo utilizando brocas específicas no motor de alta rotação.

Após isso, é feita a limpeza da região com soro fisiológico para remover partículas de osso e em seguida, o tecido gengival é reposicionado.

São feitas suturas (pontos) nas regiões das papilas interdentárias para segurar o tecido em posição, facilitar a cicatrização e conter o sangramento.

Quais são os exames necessários ao tratamento? 

Para que o resultado do tratamento seja satisfatório é importante que o procedimento seja corretamente indicado e que o paciente esteja com boas condições de saúde bucal.

Além disso, é importante que o profissional avalie o perfil do paciente e atente-se às suas queixas para indicar o melhor tratamento.

O Cirurgião-Dentista deve fazer exames no consultório, além de solicitar exames complementares, para avaliar se existe a indicação ou não de remoção do tecido ósseo e, assim, optar por uma das duas técnicas cirúrgicas: gengivectomia ou gengivoplastia.

Para isso, devem ser feitos alguns exames pré-operatórios que são:

  • Exame clínico: no exame clínico o Cirurgião-Dentista avalia as condições de saúde bucal do paciente e verifica se existe a necessidade da realização de outros procedimentos para a adequação do meio bucal antes da cirurgia, como por exemplo: profilaxia (limpeza), raspagem de cálculos dentários, restaurações, entre outros.
  • Exame periodontal: no exame periodontal o profissional utiliza instrumentos específicos, sendo o principal deles, a sonda milimetrada, para a medição da profundidade do tecido gengival. Esse exame, associado aos exames radiográficos, possibilita ao profissional a análise da necessidade ou não de remoção do tecido ósseo.
  • Exames radiográficos: cada profissional solicita os exames radiográficos que julgar necessários para a análise do tecido ósseo antes da abordagem cirúrgica. No entanto, o exame mais indicado para a verificação e medição do volume ósseo é a tomografia computadorizada de feixe cônico.
  • Fotografias: assim como em outros procedimentos odontológicos, as fotografias são uma importante ferramenta tanto para estudo, quanto para a documentação do caso. Além disso, as fotografias permitem que o profissional possa utilizar programas específicos para simular o resultado do procedimento.

A gengivoplastia dói? 

No geral, a gengivoplastia é um procedimento que não causa dor, somente um leve desconforto.

Alguns pacientes podem apresentar incômodo à anestesia aplicada antes da cirurgia, mas após esse procedimento, o paciente não deve sentir dor em nenhum momento da cirurgia.

Além disso, o cirurgião-dentista prescreve medicamentos que deverão ser utilizados após a cirurgia, que servirão para conter a dor e o desconforto.

Quem não pode fazer a gengivoplastia? 

As principais contraindicações da gengivoplastia são as doenças periodontais como a gengivite ou a periodontite.

Além disso, pacientes que apresentam condições sistêmicas que possam causar complicações na cicatrização, como por exemplo a diabetes não controlada, também não devem realizar a gengivoplastia.

Quais os riscos? 

Apesar de ser um procedimento simples, a gengivoplastia deve ser bem planejada e executada a fim de evitar possíveis riscos desse procedimento, como: infecções pós-cirúrgicas, desalinhamento das gengivas, black spaces (espaços entre os dentes sem gengiva), retração gengival e sensibilidade dentária.

A gengiva volta a crescer depois da gengivoplastia?

Teoricamente, após a realização da gengivoplastia, os tecidos ósseo e gengival devem permanecer na posição em que o cirurgião-dentista deixou após o procedimento.

No entanto, em alguns casos, pode ocorrer o crescimento gengival em algumas regiões, principalmente quando não são realizados o planejamento e a técnica corretos.

Os casos mais comuns em que a gengiva volta a crescer é quando o paciente apresenta, além de excesso do tecido gengival, excesso de tecido ósseo, e o profissional opta por realizar a gengivectomia, que remove apenas a gengiva.

Assim, a gengiva volta a crescer para recobrir o tecido ósseo, sendo que nesses casos, o procedimento mais indicado é a gengivoplastia.

A cirurgia é reversível? 

De maneira geral, a gengivoplastia é um procedimento irreversível, pois após a remoção dos tecidos gengival e ósseo, o tratamento não pode ser revertido.

No entanto, em alguns casos, principalmente quando ocorrem complicações pós-cirúrgicas, como foram citadas anteriormente, pode optar-se por realizar uma nova cirurgia, como o enxerto gengival ou a plástica gengival para reposição do tecido e recobrimento das superfícies dentárias expostas.

Como é a gengivoplastia para corrigir o sorriso gengival?

O sorriso gengival é caracterizado pela exposição exagerada do tecido gengival ao sorrir ou falar.

A remoção das gengivas através da gengivectomia ou gengivoplastia é uma das principais formas de eliminar ou atenuar o sorriso gengival e promover um sorriso mais harmônico.

O passo a passo da gengivoplastia para correção do sorriso gengival é:

  1. Aplicação de anestésico local de uso tópico e infiltrativo;
  2. Medição e marcação do tecido gengival que será removido;
  3. Recorte das gengivas com o auxílio de um bisturi;
  4. Descolamento do tecido gengival para exposição do osso alveolar;
  5. Remoção de uma parte milimétrica do tecido ósseo com o auxílio de brocas específicas;
  6. Limpeza do campo operatório com soro fisiológico;
  7. Suturas nas regiões das papilas interdentárias.

Antes e depois: como é a simulação da gengivoplastia? 

A principal forma de simulação do resultado da gengivoplastia é através de manipulações fotográficas.

Através de programas de computador específicos, o cirurgião-dentista consegue simular o resultado da cirurgia a partir de fotografias iniciais do sorriso e pode, assim, aumentar a segurança e esclarecer dúvidas do paciente com relação ao procedimento.

Como é a recuperação? 

A recuperação da gengivoplastia é simples e tranquila, isso porque o paciente tende a apresentar pequeno desconforto apenas nas primeiras 24 horas após o procedimento.

A dor tende a ser leve e facilmente controlada com medicamentos prescritos pelo profissional. Além disso, é importante que o paciente não faça esforços físicos nas primeiras 24 horas e faça a higienização correta e cuidadosa conforme as orientações do cirurgião-dentista.

Quem faz a gengivoplastia? 

A gengivoplastia pode ser feita por qualquer cirurgião-dentista (profissional graduado em Odontologia).

No entanto, os profissionais que possuem formação específica em cirurgias plásticas gengivais e em outros procedimentos relacionados ao periodonto são os cirurgiões-dentistas que possuem especialização em Periodontia.

A gengivoplastia leva pontos? 

Quando a gengivoplastia é realizada em mais de um elemento dentário, é necessária a realização de suturas nas regiões das papilas interdentárias para manter o tecido gengival na posição correta e auxiliar no processo de cicatrização, além de evitar possíveis sangramentos.

No entanto, quando a gengivoplastia é feita em apenas um elemento dental, como por exemplo nos casos de fraturas dentárias ou lesões de cárie subgengivais, não é necessária a realização de sutura.

Como é a cicatrização da gengivoplastia? 

A cicatrização da gengivoplastia é rápida e após o terceiro dia, o tecido gengival tende a desinchar e a vermelhidão tende a diminuir.

Os pontos são removidos entre o 7º e o 14º dia, dependendo de cada caso, no entanto, eles são discretos e não causam grandes desconfortos.

Retração gengival: a gengivoplastia pode recuperar gengivas retraídas? 

A retração gengival é caracterizada pela diminuição do volume da gengiva e consequente exposição das raízes dentárias.

São diversas as causas da retração gengival e o tratamento envolve técnicas cirúrgicas que aumentam ou reposicionam a gengiva a fim de recobrir as raízes, como o enxerto gengival ou a plástica gengival.

Portanto, considerando que a gengivoplastia é a remoção dos tecidos gengival e ósseo, esse procedimento é contraindicado em dentes que possuem retração gengival.

Como são os cuidados e o pós-operatório? 

Para o sucesso do tratamento e para evitar complicações, é essencial que o paciente tenha os cuidados necessários no pós-operatório.

O paciente não deve realizar exercícios físicos nos primeiros dias e nem ingerir alimentos duros e quentes.

É importante realizar a higienização da cavidade bucal corretamente utilizando enxaguantes bucais de uso profissional e escovas dentais específicas na primeira semana, conforme orientação do cirurgião-dentista.

Além disso, o paciente deve fazer o uso correto das medicações prescritas pelo profissional.

Qual o valor da gengivoplastia? 

O valor da gengivoplastia varia conforme a precificação de cada cirurgião-dentista e a complexidade da cirurgia.

Além disso, os valores dos exames pré-operatórios solicitados pelo profissional também irão interferir no valor total do procedimento.

Caso a cirurgia esteja envolvida na realização de outros procedimentos estéticos, como por exemplo na confecção de facetas ou lentes de contato, o valor desses procedimentos também interferem e alteram o valor final da gengivoplastia.

A gengivoplastia pode ser feita usando o aparelho ortodôntico? 

Durante o tratamento com aparelho ortodôntico fixo alguns pacientes podem desenvolver hiperplasia gengival, que é o crescimento exagerado das gengivas. Esse processo ocorre principalmente devido ao descuido com a higiene bucal.

O tratamento da hiperplasia gengival pode ser feito com a gengivoplastia, no entanto, o ideal é que esse procedimento seja realizado após a finalização do tratamento ortodôntico.

Existem alternativas mais simples para alinhar gengivas? 

O desalinhamento das gengivas ocorre devido ao excesso ou à falta de tecido gengival em alguns dentes.

Para a correção desta condição são indicados procedimentos cirúrgicos, que envolvem a reposição ou remoção da gengiva.

Quando há a necessidade de remoção de tecido gengival e não há a necessidade de remoção de tecido ósseo, pode ser feita a gengivectomia, que é um procedimento cirúrgico mais simples.

Em casos onde há a necessidade de reposição de tecido gengival para tratamento da retração, pode ser realizado o enxerto ou a plástica gengival, que possuem complexidade semelhante à gengivoplastia.

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Arthur Mancini

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