Como é feita uma tomografia dentária? Entenda tudo sobre o assunto

Como é feita uma tomografia dentária? Entenda tudo sobre o assunto

07/10/2022 - Por: Cassiano Pires

A tomografia dentária é um exame radiográfico, que utiliza radiação X e possibilita a reprodução tridimensional em um computador de estruturas da cavidade bucal e de regiões adjacentes, como estruturas anatômicas, ossos, seios da face, entre outras.

A tomografia dentária permite enxergar todas as estruturas em camadas, principalmente os tecidos mineralizados, com uma alta definição, permitindo a delimitação de irregularidades tridimensionalmente.

Portanto, esse exame proporciona uma análise e diagnóstico mais precisos, pois, com a tomografia dentária o Cirurgião-Dentista consegue fazer um estudo detalhado de determinada patologia sem sobreposições e limitações que podem ocorrer nos exames radiográficos bidimensionais.

Algumas dúvidas com relação a tomografia são comuns, como por exemplo: Como é feita uma tomografia? Quanto tempo demora? Qual o valor? Essas e outras questões estão respondidas abaixo.

Tomografia Dentária
Tomografia Dentária. Fonte: B. S. F. Silva, M. R. Bueno, F. P. Yamamoto-Silva, R. S. S. Gomez, O. A. Peters, C. Estrela, CC BY 4.0, via Wikimedia Commons.

Como é feita uma tomografia dentária?

Na tomografia dentária, assim como em outros exames radiográficos, o paciente é orientado a remover objetos metálicos que estiver utilizando na região da cabeça, boca e até no pescoço, como por exemplo: acessórios de cabelo de metal, próteses removíveis, brincos, piercings, colares, entre outros.

Essa orientação deve ser seguida pois os objetos metálicos produzem imagens radiopacas no exame que atrapalham a visualização e análise das estruturas.

Em seguida, o profissional deve vestir o avental de chumbo no paciente, protegendo seu corpo das radiações e,então, posicioná-lo da maneira correta no aparelho.

O posicionador (objeto que orienta a mordida do paciente) a ser utilizado vai depender da região que deve ser analisada. Geralmente os aparelhos possuem posicionadores específicos para a maxila e para a mandíbula, e também existem posicionares para pacientes parcialmente desdentados na região anterior ou totalmente desdentados.

Depois de posicionado, o paciente deve permanecer imóvel, não podendo, portanto, mexer nenhuma parte do corpo, principalmente a cabeça e a boca. O tomógrafo então é acionado e gira em torno da cabeça do paciente enquanto emite radiação X.

Após o fim do exame, o profissional orienta o paciente a soltar o posicionador, sair do aparelho e a aguardar alguns minutos enquanto as imagens são carregadas em um software. Depois disso, o profissional avalia a qualidade do exame e verifica se há a necessidade ou não de repetição.

Quanto tempo demora uma tomografia de dente?

A tomografia dentária ou tomografia odontológica é um exame de imagem que não exige nenhuma preparação prévia para sua realização e pode ser feita em poucos minutos. De maneira geral, as orientações feitas ao paciente antes da realização da tomografia são as mesmas de outros exames radiográficos odontológicos.

O tempo estimado da tomografia dentária é de 10 a 70 segundos, tempo em que o paciente deve permanecer imóvel, tendo apenas 3 a 6 segundos de exposição à radiação.

Todo o processo desde a chegada do paciente à clínica até sua liberação não deve passar de 30 minutos, isso porque o tempo maior de espera é o tempo em que o paciente aguarda após a realização do exame, até a imagem ser completamente carregada em um programa de computador e o profissional poder analisar a qualidade da imagem.

Qual o valor da tomografia dos dentes?

Assim como ocorre com outros exames radiográficos, o valor da tomografia dentária computadorizada pode variar bastante conforme a localização da clínica radiológica e conforme a solicitação do Cirurgião-Dentista.

O profissional pode solicitar a tomografia da região de apenas um dente, como nos casos de dente incluso; para avaliação de suspeita de fratura radicular; para avaliação da extensão de uma lesão periapical ou ainda para análise de canais acessórios na Endodontia; e pode também solicitar uma tomografia que permita a visualização de vários dentes de uma vez, como nos casos de hemi-arcada ou até de uma arcada dentária inteira.

O recomendado é que seja feita uma pesquisa de preços e que se desconfie caso sejam encontrados valores muito abaixo dos demais.

Indicações da tomografia na Odontologia

Ao longo dos anos, a tomografia dentária vem se mostrando um valioso e importante recurso de imagem na Odontologia, visto que é indicada como forma de auxílio no diagnóstico e no planejamento de intervenções em diversas especialidades.

Implantodontia

Na Implantodontia, a TCFC é essencial para analisar a anatomia craniofacial, planejar o tamanho e espessura dos implantes, verificar as dimensões maxilares, avaliar a possibilidade de colocação de implante imediato e visualizar a morfologia da parede óssea.

Além disso, exerce um papel fundamental na avaliação da densidade óssea dos tecidos mineralizados, na confecção de guias de colocação para posicionamento de mini-implantes e outros guias cirúrgicos.

A TCFC também é indicada para evitar complicações com implantes previamente colocados, mensurar a perda óssea alveolar vertical, horizontal e oblíqua, avaliar a necessidade de enxerto sinusal e fazer a análise de sítios doadores de ósseos autógenos.

Cirurgia

Em casos, por exemplo, de cirurgia de tomografia dentária, as diversas formas de radiografias convencionais nem sempre são suficientes para detectar de forma precisa a localização desses elementos.

Apesar de darem uma noção da provável localização, apresentam muitas sobreposições e distorções que podem levar o Cirurgião-Dentista a falhas no diagnóstico e abordagens cirúrgicas mais limitadas.

Com o auxílio das imagens tridimensionais, que são adquiridas pela tomografia computadorizada, é possível conseguir a reprodução de uma região do corpo em três planos (axial, coronal e sagital), trazendo informações por meio de imagens mais fiéis à realidade, eliminando as sobreposições e fornecendo uma melhor capacidade de diagnóstico.

Periodontia

Na Periodontia, a TCFC também pode ser utilizada para avaliação das condições de contorno alveolar; para identificar de maneira precisa a periodontite apical; para verificar a relação entre a ponte óssea e raízes dos dentes vizinhos e sua condição periodontal; para analisar as relações entre a crista óssea alveolar e os dentes e a espessura e nível das tábuas ósseas que recobrem os dentes por vestibular e lingual, além de mapear lesões de furca.

Endodontia

Mesmo na Endodontia, em que a radiografia periapical é mandatória na avaliação dos resultados dos tratamentos endodônticos, a TCFC vem crescendo em importância, pois a interpretação das radiografias periapicais podem sofrer influências da sobreposição de dentes e de estruturas dento-alveolares adjacentes, além do risco de distorção da imagem (por ser bidimensional), tornando-a não precisa nos tamanhos das raízes e na morfologia dos canais.

A tomografia consegue fornecer informações em três dimensões, tornando-se uma das técnicas mais eficazes para imagens de referência, principalmente nas que exigem a localização de canais radiculares, reabsorções, lesões periapicais e fraturas.

Além disso, o fato de ser possível visualizar as raízes dos dentes posteriores superiores e seus tecidos periapicais nos três planos sem sobreposição do osso zigomático, do osso alveolar e das raízes adjacentes é muito importante para o sucesso no tratamento endodôntico.

A TCFC possibilita, também, a identificação de forames nasopalatinos ampliados, de canais radiculares, de pequenas lesões periapicais que radiograficamente não são visíveis e a avaliação de reabsorções ósseas.

Ortodontia

Na Ortodontia, a TCFC é utilizada para a localização de dentes inclusos, para a avaliação do nível de reabsorção de dentes adjacentes à caninos impactados, no planejamento de cirurgias ortodônticas, na análise do crescimento craniofacial e na estimativa da idade da arcada dentária.

Além disso, com as imagens obtidas na tomografia, é possível a visualização da espessura do osso alveolar de suporte e sua remodelação após a movimentação dos dentes no tratamento ortodôntico.

A avaliação da dimensão transversal das bases apicais e reabsorção radicular após expansão rápida maxilar, a mensuração da largura da sutura palatina, a visualização das vias aéreas superiores, a avaliação cefalométrica e o exame da articulação temporomandibular (ATM), entre outras informações, também podem ser obtidas por meio da TCFC, com a capacidade de gerar informações mais precisas quando comparadas às radiografias convencionais.

Odontopediatria

Na Odontopediatria, a TCFC também exerce uma relevante importância, pois é capaz de detectar de maneira precoce alterações no desenvolvimento e na erupção dentária, anormalidades e patologias, além da verificação da relação entre o germe dentário permanente e os dentes de leite (decíduos). Um dos principais usos da tomografia computadorizada em Odontopediatria é a detecção da presença de dentes impactados.

Contraindicações da tomografia odontológica 

De maneira geral, não existem contraindicações para a realização da tomografia dentária computadorizada.

No entanto, existem algumas condições que podem limitar a prescrição do exame, como por exemplo, pacientes que não conseguem ficar suficientemente parados durante a realização da tomografia, principalmente crianças e idosos.

É válido lembrar que os tomógrafos utilizados na Odontologia são aparelhos abertos e não causam claustrofobia nos pacientes.

A gravidez não é um fator que contraindica a tomografia, no entanto, é importante que a paciente comunique o fato a seu Médico Obstetra, ao Cirurgião-Dentista e ao Técnico que realizará o exame, a fim de utilizar a proteção correta e adequada.

Que tipos de doenças a tomografia detecta?

A tomografia dentária computadorizada apresenta grande importância como auxiliar no diagnóstico de patologias (doenças) bucais. Na avaliação de lesões intra-ósseas, como os tumores odontogênicos e os cistos, a tomografia fornece uma localização precisa da lesão e de estruturas anatômicas envolvidas. Os tumores odontogênicos podem ser divididos em malignos e benignos e alguns exemplos estão citados abaixo.

Tumores Odontogênicos Malignos

Carcinoma ameloblástico; Carcinoma intraósseo primário; Carcinoma odontogênico esclerosante; Carcinoma odontogênico de células claras; Carcinoma odontogênico de células fantasmas; Carcinossarcoma odontogênico; Sarcomas odontogênicos.

Tumores Odontogênicos Benignos

  • Epiteliais:

Ameloblastoma sólido; Ameloblastoma unicístico; Ameloblastoma extraósseo/periférico; Tumor odontogênico escamoso; Tumor odontogênico epitelial calcificante (Pindborg); Tumor odontogênico adenomatóide.

  • Mistos:

Fibroma ameloblástico; Tumor odontogênico primordial; Odontoma composto; Odontoma complexo; Tumor dentinogênico de células fantasmas.

  • Mesenquimais/Ectomesenquimais:

Fibroma odontogênico; Mixoma odontogênico/Mixofibroma; Cementoblastoma.

Cistos Odontogênicos de Desenvolvimento

Cisto dentígero; Ceratocisto odontogênico; Cisto periodontal lateral e cisto odontogênico botrioide; Cisto gengival; Cisto odontogênico glandular; Cisto odontogênico ortoqueratinizado.

Como é possível observar, existe uma extensa lista de doenças bucais que podem ser diagnosticadas com o auxílio de uma tomografia dentária computadorizada, e quando o Cirurgião-Dentista suspeita de alguma lesão e necessita de exames complementares, na grande maioria da vezes, é solicitada uma tomografia para avaliar a posição, extensão e grau de desenvolvimento da lesão.

Independente do tipo de lesão, o diagnóstico precoce é sempre o melhor caminho para se traçar um plano de tratamento adequado, mesmo que este seja somente a observação (acompanhamento), e para se obter um prognóstico favorável nos casos em que é necessária a intervenção.

Portanto, as visitas frequentes ao Cirurgião-Dentista e a realização dos exames complementares radiográficos são extremamente importantes na manutenção da saúde bucal e no diagnóstico precoce de condições e patologias bucais.

Por que investir no tomógrafo?

Tomografia Dentária - Tomógrafo.
Tomógrafo para tomografia dentária Eagle Edge, da Dabi Atlante.

É comum o Cirurgião-Dentista se deparar com situações onde não é possível realizar o diagnóstico de determinada patologia ou condição bucal somente com a anamnese e o exame clínico. Isso porque o profissional não consegue visualizar clinicamente as estruturas cobertas pelo osso e pela gengiva, como as raízes dentárias, os tecidos periapicais, o osso alveolar, entre outras.

A tomografia dentária computadorizada de feixe cônico é uma ferramenta útil e amplamente disponível na Odontologia, que tem o potencial de melhorar o padrão atual de atendimento.

Notavelmente, as imagens coletadas em formato digital, são facilmente transferíveis entre os Cirurgiões-Dentistas e facilitam o estudo da situação clínica do paciente, permitindo o diagnóstico e a elaboração de um plano de tratamento mais preciso nas diversas especialidades odontológicas.

Dessa forma, possuir um aparelho de tomografia dentária é uma forma de investir em mais qualidade e praticidade no atendimento e no diagnóstico, além de reduzir o tempo clínico.

Alta tecnologia para diagnóstico clínico

Os tomógrafos odontológicos são equipamentos que vêm sendo cada vez mais aprimorados com o intuito de passarem a emitir menos radiação, e apresentarem mais qualidade e potência. Assim, os equipamentos de tomografia modernos estão cada vez mais avançados, o que traz ainda mais benefícios no diagnóstico e tratamento odontológicos.

Durante os últimos 30 anos, ocorreram muitas inovações e grandiosas evoluções na tecnologia dessa área, que melhoraram o tempo de aquisição e a qualidade das imagens, assim como reduziram significativamente a dose de radiação.

Atualmente, com a tomografia dentária de alta resolução é possível a identificação específica e precoce das causas de problemas dentários persistentes, não diagnosticados em outros métodos de exames e ainda sob baixíssima dose de exposição.

Foto de Cassiano Pires

O Autor

Cassiano Pires

Cirurgião-dentista, mestre e doutorando em Endodontia (FORP-USP). Especialista em Radiologia e Imaginologia (AORP). Especialista de Produtos da área de Imagem na Alliage.

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