A importância da radiografia dentro da odontologia é inquestionável. Sem exames de imagem, muitas vezes, fica quase impossível realizar um bom diagnóstico e plano de tratamento. Sempre que falamos em radiografia devemos lembrar que esses exames liberam radiação ionizante que causa efeitos biológicos no nosso organismo.
Na tentativa de minimizar esses efeitos, é importante não solicitar exames de imagem indiscriminadamente, seguindo sempre suas indicações corretas e os princípios de radioproteção preconizados.
Pensando nos pacientes infantis esses cuidados precisam ser redobrados, afinal as crianças estão em pleno crescimento e desenvolvimento, com as células se multiplicando intensa e rapidamente, e por isso se tornam mais sensíveis aos efeitos da radiação ionizante.
Principais indicações de rx na odontopediatria
Na odontopediatria, a principal indicação de radiografia é para avaliar presença e profundidade de lesões de cárie. As lesões de cárie interproximais, quando ainda pequenas e mais próximas da porção cervical se tornam difíceis de diagnosticar clinicamente, sendo a radiografia interproximal o método mais preciso de diagnóstico.
Já as radiografias periapicais são bastante eficientes para avaliar a profundidade das lesões de cárie, podendo definir se houve ou não comprometimento pulpar, o que altera diretamente o plano de tratamento. Além disso, periapicais também são bastante utilizadas para visualizar a fase de rizólise e rizogênese dos dentes decíduos e permanentes respectivamente. Nos casos de traumas dentários, tanto radiografias periapicais, como oclusais são bastante utilizadas.
Na área de ortopedia funcional dos maxilares, a radiografia panorâmica, telerradiografia lateral e radiografia de mão e punho são os exames de rotina pedidos antes do início do tratamento. Diferentemente das periapicais e inteproximais, esse tipo de exame é chamado de extrabucal, e normalmente são realizados fora do consultório, em clínicas de radiologia especializadas.
Quais exames de imagem as crianças podem fazer?
As crianças, apesar de mais sensíveis a radiação ionizante, podem ser submetidas a qualquer tipo de exame de imagem, desde que haja uma indicação correta para a realização do exame e que as medidas de radioproteção sejam seguidas.
Dentre os principais cuidados a serem tomados, a utilização de avental de chumbo e protetor de tireóide deve ser priorizada, bem como o respeito ao princípio ALARA (As Low As Reasonably Achievable) que é um acrônimo para a expressão “tão baixo quanto razoavelmente exequível”. Ou seja, deve-se utilizar a menor dose possível de radiação para alcançar determinado resultado.
Radiografia panorâmica: A partir de quantos anos pode ser feita?
A radiografia panorâmica, assim como todas os outros tipos de radiografias, não tem idade mínima para que possa ser realizada. Na teoria, crianças de qualquer idade podem ser submetidas a todo tipo de exame de imagem.
No entanto, na prática clínica existem alguns obstáculos que impedem que certos tipos de radiografias sejam feitos.
A panorâmica é um desses exemplos: por ser um exame extrabucal e que necessita que a criança fique parada por alguns minutos para que as imagens sejam captadas e tenham boa qualidade, crianças muito jovens, muitas vezes não conseguem colaborar, o que impede que essa radiografia seja excetuada de forma adequada. No entanto, caso haja colaboração do paciente, não existe nenhum tipo de restrição ou contra-indicação para esse tipo exame.
Tipos de radiografia que podemos fazer
- Interproximal: possibilita a avaliação da coroa de 2 a 4 dentes em uma única tomada radiográfica. Sua principal utilização é para diagnóstico de lesões de cárie intreproximal.
- Periapical: Permite avaliação das coroas e raízes dos dentes. Normalmente, em crianças, é possível avaliar de 1 a 2 dentes em cada exame. É importante salientar que existem filme periapicais de tamanho adequado para radiografias em crianças.
- Oclusal: utilizado para acompanhamento de traumas, para avaliação de dentes inclusos e acompanhamento de casos de disjunção rápida da maxila. O filme oclusal muitas vezes é muito grande para a cavidade bucal das crianças, e por isso, o filme periapical pode ser adaptado.
- Panorâmica: Sua principal indicação em crianças é para avaliar grau de rizólise e rizogênese de dentes permanentes e decíduos e presenças de anomalias dentárias. Em alguns casos específicos, quando as crianças possuem muitas lesões de cárie, a panorâmica pode ser utilizada para auxiliar na elaboração do plano de tratamento, no entanto, não substitui a radiografia periapical quando é necessária uma avaliação mais detalhada do elemento dental.
- Telerradiografia lateral e raio x de mão e punho: Essas técnicas tem indicação clara dentro da ortodontia e ortopedia. A telerradiografia permite avaliar a relação dos dentes com os maxilares e diagnosticar más oclusões. A radiografia de mão e punho permite avaliar a idade óssea do paciente, o que norteia o plano de tratamento ortopédico/ortodôntico.
Como tirar radiografia infantil?
A primeira coisa a se fazer é utilizar um avental de chumbo de tamanho adequado e protetor de tireóide. O dentista que atua no atendimento de crianças precisa lembrar que o paciente infantil não é um “adulto em miniatura”, e, portanto o tratamento não pode ser realizado da mesma forma.
Anatomicamente, a cavidade bucal das crianças é menor; normalmente elas têm um reflexo de ânsia mais pronunciado e menos controlado do que nos adultos; psicologicamente, o paciente infantil precisa ser manejado antes da realização da tomada radiográfica, com o objetivo de evitar erros, e consequentemente, menor exposição à radiação ionizante. Algumas dicas para realizar a radiografia no paciente infantil:
- Apresentar todo o material a ser utilizado (filme, posicionador, o aparelho de raio-x que ficará com o cone apontando para a criança).
- Muitas vezes o uso do posicionador incomoda bastante as crianças e aumenta a dificuldade de aceitação desses pacientes. Caso necessário, tirar o raio x sem posicionador com auxílio do responsável. Importante: Sempre colocar avental de chumbo no acompanhante que for auxiliar na radiografia.
- Treinar com a criança como vai ser o raio x antes de disparar a radiação.
- Usar o filme de tamanho adequado para a cavidade bucal das crianças.
- Se atentar para o tempo de exposição, que em crianças, é menor que em adultos.
Considerações finais
Em resumo, nós podemos concluir que sempre que bem indicadas, as crianças devem fazer radiografias odontológicas. Esse exame irá auxiliar em bons diagnósticos e tratamentos para os pacientes infantis.
Elas são seguras, desde que se respeite as medidas de radioproteção e o princípio ALARA. Não existe um número máximo de radiografias permitidas, o importante é que elas sejam feitas somente quando bem indicadas!