Radiografia periapical alongada e os 15 erros mais comuns

Radiografia periapical alongada e os 15 erros mais comuns

10/11/2022 - Por: Cassiano Pires

A radiografia periapical alongada é um tipo de erro na angulação vertical muito comum entre os estudantes de odontologia.

Esse erro ocorre em virtude da redução da angulação vertical recomendada para determinada região da boca do paciente.

Cometer esses erros na graduação é algo comum entre os estudantes, pois eles ainda estão aprendendo as técnicas corretas de obtenção das imagens e à medida que se especificam e adquirem conhecimento técnico e prático para registro das imagens, menor se torna o índice de erros.

Esse tipo de erro na angulação vertical é cometido quando o feixe central de raios x não é direcionado perpendicularmente ao plano bissetor ou a cabeça do paciente não está posicionada de maneira correta.

O problema também pode acontecer quando o profissional que manipula o aparelho de raio x não posiciona o cilindro localizador de forma correta em relação ao anel do suporte posicionado na técnica do paralelismo.

Nesse artigo iremos conhecer vários erros que podem acontecer durante a realização das radiografias periapicais, assim como outros possíveis erros dentro da odontologia radiográfica.

Radiografia periapical alongada
A radiografia periapical alongada é um dos erros mais comuns entre estudantes. Foto por artursafronovvvv no Freepik.

O que é uma radiografia periapical alongada

Como mencionado anteriormente, uma radiografia periapical alongada é um  erro comum na execução das radiografias periapicais,  resultando em imagens alongadas e imperfeitas que atrapalham a avaliação e análise do material pelos cirurgiões-dentistas.

Dentre as possíveis causas da radiografia periapical alongada podemos citar o ângulo vertical do feixe de raios x menor do que o ideal, o que resulta em imagens alongadas e fora da realidade.

Que tipos de erros são possíveis?

Existem muitos erros que podem ser cometidos pelos cirurgiões-dentistas ou estudantes de odontologia em  graduação. Esses erros são classificados em categorias distintas, dependendo de vários fatores. Atualmente, existem erros específicos da radiografia periapical alongada, e outros que  ocorrem com as radiografias digitais.

Os erros na etapa de processamento  químico das imagens não acontece na radiografia periapical alongada digital, sendo assim, é um tipo de erro exclusivo das radiografias analógicas. Por existirem vários tipos de erros relacionados com as radiografias periapicais, vamos citar  apenas as mais comuns nos consultórios odontológicos.

Os erros de técnica são aqueles referentes a falhas durante o momento de exposição à radiação ionizante. Esses erros podem estar relacionados com o posicionamento do equipamento, filme radiográfico ou paciente posicionado de forma incorreta, além de tempo de exposição inadequado, presença de objetos estranhos que possam interferir na passagem do feixe de raios x, erro na angulação vertical e outros.

O erro na angulação vertical cria  radiografias periapicais alongadas quando esse ângulo é reduzido de forma errônea. Esse erro ocorre durante a execução da técnica da bissetriz,  quando o feixe central de raios x não é direcionado perpendicularmente ao plano bissetor, ou a cabeça do paciente é posicionada de forma incorreta.

O mesmo acontece quando o operador não posiciona o cilindro localizador de forma correta em relação ao anel do suporte usado na técnica do paralelismo.

Nos casos de erro na angulação horizontal, a técnica correta não é realizada e ocorre a superexposição das faces proximais.

Além desses, outros erros são comuns de acontecer  no dia a dia dos dentistas, seja pela falta de treino ou por dúvidas dos pacientes no momento de realizar o exame. São eles:

  • Erro por pouca sobra ou margem de segurança insuficiente: nesses casos a borda do filme não respeita a margem recomendada de segurança, o que pode ocasionar em cortes nas estruturas coronárias;
  • Filme invertido: é quando o filme é posicionado de forma que a face “não sensível” é exposta à radiação x. Em consequência, as imagens ficam com densidade mais clara;
  • Erro de posicionamento do filme por região: nesses casos o filme é posicionado com seu longo eixo na horizontal para a técnica de dentes da região anterior ou com o seu longo eixo na vertical para a técnica periapical de dentes posteriores;
  • Erro no posicionamento do filme em relação ao picote: quebra de regra de posicionamento do picote para a oclusal ou incisal, o que dificulta o diagnóstico;
  • Não remoção de objetos metálicos: os objetos metálicos aparecem nas imagens sobrepostos à região anatômica a ser avaliada.Cone cut ou “meia-lua”: diz respeito ao erro de direcionamento dos feixes de raio x, o que resulta em áreas não abrangidas pela radiação;
  • Superexposição: aumento do tempo de exposição da película aos raios x, causando uma imagem muito escura.
  • Subexposição: redução do tempo de exposição causando uma imagem pouco clara;
  • Falta de exposição: geralmente diz respeito a problemas no aparelho de raio x pois o filme radiográfico aparece totalmente transparente;
  • Falta de paralelismo entre a borda do filme e as faces oclusais/incisais: erro por posicionamento do filme onde o mesmo se mantem inclinado e ocorre corte das imagens de certas estruturas apicais e coronárias;
  • Dupla exposição: exposição do filme por mais de uma vez muito comum nas radiografias periapicais de boca completa;
  • Pressão exagerada sobre o filme – filme curvado: imagem distorcida por pressão extrema.Mancha negra por ação mecânica: também um erro de pressão e acontece quando a pressão intensa é feita com a borda da unha do paciente;
  • Falangioma: erro causado incorreta sustentação do filme, posicionando o dedo entre o cilindro localizador e o receptor, dessa forma aparece as falanges nas imagens capturadas;
  • Projeção do avental de chumbo: erro cometido quando o material de chumbo fica entre o filme e o cilindro localizador no momento da captura das imagens, gerando uma imagem radiopaca;

Além desses, podemos citar outros, como:

Erro por movimentação

Os erros por movimentação são aqueles que geram radiografias tremidas pela movimentação do cabeçote, do paciente ou do filme radiográfico. Geralmente a imagem é desfocada e tremida.

Erros de processamento

Os erros de processamento são aqueles resultantes de falhas durante o processo de revelação do filme radiográfico.

Dentre os erros de processamento mais comuns podemos citar os seguintes:

  • Lavagem final insuficiente: o ideal é que a radiografia seja lavada por no mínimo 15 minutos em água corrente a fim de evitar esse tipo de erro. Caso contrário, a radiografia periapical alongada poderá apresentar manchas amarronzadas ou acastanhadas em sua superfície.
  • Entrada de luz no interior da câmara escura: a entrada de luz no interior da câmara causa imagens escuras e consequentemente difíceis de avaliar.
  • Impressão digital sobre o filme: esse é um erro muito comum, onde as mãos do operador estão “sujas” e mancham o filme radiográfico.
  • Arranhões na radiografia: ocorre principalmente por manipulação incorreta do filme radiográfico.
  • Superevelação: imagem muito densa.
  • Sub-revelação: imagem pouco densa.

Além desses, vários outros erros podem acontecer nas clínicas e consultórios odontológicos, mas os profissionais devem se atentar ao máximo para reduzir esses erros e consequentemente evitar contratempos  nas avaliações.

F.A.Q

O que gera uma radiografia periapical alongada?

A radiografia periapical alongada ocorre devido ao erro de angulação vertical do feixe de raios X que nesse caso é menor que o ideal.

Quando a radiografia periapical é indicada?

A radiografia periapical alongada é indicada quando o dentista deseja avaliar com detalhes a anatomia de um ou mais dentes (no máximo 3), da raiz até a coroa.

Como é feita a radiografia periapical alongada?

A radiografia periapical alongada é feita de modo clássico, com o paciente de pé ou sentado e posicionado de frente para o aparelho, levando cerca de 5 minutos para registrar as imagens.

Foto de Cassiano Pires

O Autor

Cassiano Pires

Cirurgião-dentista, mestre e doutorando em Endodontia (FORP-USP). Especialista em Radiologia e Imaginologia (AORP). Especialista de Produtos da área de Imagem na Alliage.

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